quarta-feira, 4 de novembro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Sobre esquecer-se e encontrar
Os olhos doem
Imerso em águas cristalinas
Percebo-me em um profundo escuro
O meu ser vagueia tonto
E nunca encontra um ponto
Um arremate
Seria o incompleto a liberdade?
Se todo fim é um começo
O coração sempre sentindo
É uma ferida escondida
Cubro-o com pensamentos
Perco-me em paisagens
Refugio-me em olhos alados
Que sempre adejam
Eu sinto o medo e tremor completo
De uma lágrima prestes a cair
Sigo regatos castanhos
E infinitos
De um presente tão sublime
Que não deixará lembranças
Vejo-os luzir tão perto
Olhos de marinha estrela
Continuo ladeando olhos de outono
E pelo olor de suas folhas
Dormem meus monstros nas profundezas.
domingo, 13 de setembro de 2009
Abafo
Abra minhas cortinas
Estou como uma folha seca
Trancada na sombra
Sem poder voar
O vento bate
Mas não me atinge
Quando abri as janelas
Já era noite
Agora me escondo
E tapo os ouvidos
Do meu coração
Que teima em bater
Na penumbra desta sala
As grades se projetam
Na parede branca
Onde pássaros de origame
Ainda voam
Presos por um fio
Isto é só um abafo
De quem se quer liberto
Mas não tem o amor imenso
Que é preciso
Para se abandonar
No mais
Sempre perdemos
E perdemos
Principalmente,
Quando nos achamos
Soluções
Milhões de pessoas passam fome, milhões não tem casa, estão doentes, estão mortos etc.
Isso não é nada para nós, se for, é apenas um discurso. Se valesse a pena tudo bem.
Mas o fato não é que muitos tem pouco e poucos tem muito e sim, todos não tem nada. Adolescentes ricos infelizes, adolescentes pobres infelizes; ambos alienados. Apenas isso.
Qual a solução? Qual o problema?
Políticos honestos não existem por que não existe nem gente, nem política honesta. E quem não se adequa ao jogo perde. É o sistema? Todo sitema é errado se é vigente.
O que temos são partes da humanidade, algumas esperando por deus, outras por dinheiro, outras por amor. Mas quem espera algo de si mesmo?
Ninguém quer que o outro cresça, ninguém quer evolução. Se não há guerras, há outras formas de luta. O homem é seu próprio predador, já que é sua única ameaça.
Então continuemos buscando o universo, o espaço vazio que podemos encher de esperança. Continuemos com nossa imaginação criando mundos menores que este, pois o nosso é grande de mais para nós.
Queria uma solução, mas apenas reclamei mais. Quem quer ser um gênio se souber que para isso é preciso pensar e muito trabalho? Quem quer ser honesto se pagamos por isso e não pela desonestidade? Quem quer algo de si mesmo? Queremos presentes !
Então no momento eu pensei em desistir. Mas só chega ao final quem continua andando. Se descobrir a solução digo a vocês e se vocês souberem peça a Globo pra mostrar que o povo aceita como certa.
Tchau
Sutil
Em meio a escombros de guerra
Nascem frágeis flores
Olhando a maldade
Com um olhar triste
Quietas e pequenas
Um pequeno colorido
No preto e branco destruído
De um tempo queimado
Temos todos os motivos
Para sermos maus, para sermos bons.
Toda beleza vem recheada de insensatez
É irracional ser extremo
Mas o meio do muro não é tão belo
E é irracional ser humano
De verdade
Pequenas flores
São jardins que não percebemos
E fica apenas a intuição
De que em meio às ruínas
Há algo que nos observa
E nos trás como um perfume
A esperança
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Chuva
Gota a gota
Vem de lado, de mansinho
Cai geada ou de fininho
Em minha mente chove
O poeta é um mentiroso
Mas sua mentira
É a única verdade
Da qual se tem certeza
Gota a gota
Escorre... E eu corro
Pra debaixo da mesa
Gente! Lá vem água!
Pingos amarelos, verdes e vermelhos
As pessoas abrem guarda-chuvas
Um olhar desconfiado é tudo que temos
E se o mundo sumisse num toque?
E se fosse tudo uma ilusão?
Acredito na que não me engana: Imaginação
Gota a gota
Olhando a paisagem de cima
Chove, chove vida
E desta folha ensopada
Escorrem palavras
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Eu te amo
Meus pés estão machucados
De tanto errar pelos caminhos
Onde seus passos
Ainda andam comigo
Simulo um cansaço
Encosto e te espero
Mesmo sabendo
Que não virás
Cada som que ouço
É você chegando em minha mente
Que mente
Ao meu coração que bate
Iludido
Não estarás mais comigo
Seja o que for, que seja orgulho
Apenas estou mesmo cansado
E represento meu sofrimento
Um ator perfeito
Num palco apagado
E de todas às formas eu tento
Quem sabe te ver
Quem sabe mais um pedaço
Tudo tem um fim
Mas o hoje é eterno
Em meus olhos acordam as lágrimas
Meu coração que já é triste por natureza
Chora feito criança
Caminho segurando uma folha rasgada
E uma ilusão murcha
Mas como a licença poética me permite
Mesmo estando tão só e triste
Eu te amo
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Pretérito do Futuro
Um dia minha pele
Será toda craquelê
E em meu passado pálido
Sentada aqui eu vou me ver
Meu baú no meio do caminho
Abre-se e deles saltam
Em resvalaria
Pessoas correndo
Que um dia
Cantaram comigo
Aquela cantiga
Que soa distante em demasia
E eu a persigo sem nunca encontrar
Em que porta se escondeu?
Deixo tantas portas abetas
No meu eu...
Para sempre ter aonde ir
Para sempre poder fugir
Apago poemas, descoloro cores
Ai que saudades, eu tenho de hoje!
domingo, 2 de agosto de 2009
Espinho
Ela acorda
Vê seu rosto no espelho
Talvez eu corte o cabelo
Tenta esboçar um sorriso
Em meio à roupa amarrotada
Mais um dia para terminar;
Dançando na ponta de um espinho
Nunca imaginaremos
O que seja o infinito
Ela deita em sua cama de novo;
Um modo triste de viver alegremente
Alguém poderia me dizer
Onde começa a realidade?
O que há por trás
De pessoas tão contentes?
Não vêem que a vida
Vem de todos os lados
O mundo mal começou,
O dia mal começou,
A noite mal começou,
E só vejo restos
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Maçã
Como uma macieira
Com os mais leves sabores
Quero cobrir-me
Com tuas brancas flores
Teu rosto inebria-me
Tão lindo quanto a manhã
Despertas meu adormecido a tanto
Coração
Ainda nasce o pranto
De meus olhos que buscam
Ainda há um beijo
Em meus lábios que soluçam
E de tudo que vejo
És tudo que sinto
Num momento desconexo
Desmoronastes meu templo
Pois o que existe, não apaga, o tempo
E nestas notas de saudade
Hoje eu te procuro
Fazenda Taperinha
As nuvens de espuma
Quero meu pinheiro
Coberto pela bruma
Quero tudo num poema
Os azulejos do banheiro
A paisagem da janela
O mingau de maizena
O frescor da chuva transparente
Que colore o chão
Meu avô na fazenda
Tudo sem nenhuma pretensão
Para assim lembrar o que
Com os olhos da alma observei
E com o coração de criança
Amei
Quero do passado
O que não deixamos pra trás
Um presente
De não se esquecer jamais
E meu futuro amarradinho
Esperando-me no cais
quinta-feira, 30 de julho de 2009
O dito amor
pelo caminho
Anoitece enquanto fugimos
de nós mesmos
Nosso inferno particular
e finito
Queima e grita
em silêncio
E ronda a sombra
da loucura
nesta floresta azulada
Flores secam e árvores tombam
a um só toque
Mas além dos bosques infinitos
nosso alento encontraremos
Talvez em braços depois malditos
é isso o que precisamos
Nos perdermos
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Inacreditável realidade
Em que penso
E na folha escrevo
Oh devaneios esquecidos
Agora descoberto
Um pouco do mundo
Sei que nesse mundo hei
De mais sofrer
Quanta coisa descobri
Nos livros que li
Nos programas da TV
Descobri também
Que querem nos enganar
Sei que é triste saber
Mas mais triste é deixar
Isso tudo acontecer
Eu pequena menina
De quadro renascentista
Toco o céu e olho,
Só olho
Dentro de mim um desencanto
Uma dor de tanto,
Tanto crime encoberto
Agora descoberto eu sofro,
Sofro pelo mal do mundo
Uma agonia lá no fundo,
No fundo de meu ser
Sem saber se é bom saber
Viver aprendendo a viver
Oh devaneios maus
Parece inverossímil
Como o homem é vil
Mas quando as areias passaram
Os crânios ficaram
Expostos ao sol;
Os crânios usados
No darwinismo social
Por que sofro tanto
Pelo que já passou
Por que eu me sinto
Judeu, índio e negro
Por que não esqueço?
Por que quis descobrir
Não fecharei os olhos
Pro que pode acontecer de novo
Ficarei acordada hoje
Oh devaneios.
Tristeza rosa
Sentada em sua casa
Vagando em nostalgia
Aquela menina melindrosa
O que ela tinha?
Uma tristeza rosa
De leve, meio bossa
Mais uma melancolia
Como um mar
Batendo à praia em dia frio
Como um desenho ventado
Ela fica com o olhar perdido
O cabelo encaracolado
Sobre o rosto caído
Mas não se preocupe senhora
Pois mais belo que uma alegria comum
É uma tristeza rosa.
.
Sopro
Dragões vieram e se foram
E continuamos,
O mesmo povo
É o império do fogo
A vida voando
Que a todo o momento,
Como a luz que passa
Num vidro
Muda e se transfigura
Remonta o quebra-cabeça
Que é o mundo,
Cada um do seu jeito
Quanto tempo demora um milênio?
Não sabemos nem o que é
Nosso aquário de tempo
E seria baldado
Eu procuro o belo
E os dragões observam
Pois nenhum humano
Pode supor o que seja
Eterno.