terça-feira, 18 de agosto de 2009

Chuva


Escorrem palavras pela folha

Gota a gota

Vem de lado, de mansinho

Cai geada ou de fininho

Em minha mente chove

O poeta é um mentiroso

Mas sua mentira

É a única verdade

Da qual se tem certeza

Gota a gota

Escorre... E eu corro

Pra debaixo da mesa

Gente! Lá vem água!

Pingos amarelos, verdes e vermelhos

As pessoas abrem guarda-chuvas

Um olhar desconfiado é tudo que temos

E se o mundo sumisse num toque?

E se fosse tudo uma ilusão?

Acredito na que não me engana: Imaginação

Gota a gota

Olhando a paisagem de cima

Chove, chove vida

E desta folha ensopada

Escorrem palavras

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Eu te amo


Meus pés estão machucados
De tanto errar pelos caminhos
Onde seus passos
Ainda andam comigo
Simulo um cansaço

Encosto e te espero
Mesmo sabendo
Que não virás
Cada som que ouço

É você chegando em minha mente
Que mente
Ao meu coração que bate
Iludido
Não estarás mais comigo
Seja o que for, que seja orgulho
Apenas estou mesmo cansado

E represento meu sofrimento
Um ator perfeito
Num palco apagado
E de todas às formas eu tento
Quem sabe te ver
Quem sabe mais um pedaço

Tudo tem um fim
Mas o hoje é eterno
Em meus olhos acordam as lágrimas

Meu coração que já é triste por natureza
Chora feito criança

Caminho segurando uma folha rasgada
E uma ilusão murcha
Mas como a licença poética me permite
Mesmo estando tão só e triste
Eu te amo

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pretérito do Futuro


Um dia minha pele
Será toda craquelê
E em meu passado pálido
Sentada aqui eu vou me ver
Meu baú no meio do caminho
Abre-se e deles saltam
Em resvalaria
Pessoas correndo
Que um dia
Cantaram comigo
Aquela cantiga
Que soa distante em demasia
E eu a persigo sem nunca encontrar
Em que porta se escondeu?
Deixo tantas portas abetas
No meu eu...
Para sempre ter aonde ir
Para sempre poder fugir
Apago poemas, descoloro cores
Ai que saudades, eu tenho de hoje!

domingo, 2 de agosto de 2009

Espinho


Ela acorda
Vê seu rosto no espelho
Talvez eu corte o cabelo
Tenta esboçar um sorriso
Em meio à roupa amarrotada

Mais um dia para terminar;
Dançando na ponta de um espinho
Nunca imaginaremos
O que seja o infinito

Ela deita em sua cama de novo;
Um modo triste de viver alegremente
Alguém poderia me dizer
Onde começa a realidade?

O que há por trás
De pessoas tão contentes?
Não vêem que a vida
Vem de todos os lados

O mundo mal começou,
O dia mal começou,
A noite mal começou,
E só vejo restos